[oleo-l] FW: [ 3setor ] etanol e desnacionalização- artigo de altamiro borges

Elinaudo Barbosa lorde_e em hotmail.com
Segunda Junho 25 19:19:52 BRT 2007


Encaminhando texto recebido na lista Terceiro Setor.Elinaudo Barbosa Instituto Brasil Verdewww.brasilverde.org.br Blog pessoalelinaudobarbosa.blogspot.com

> To: 3setor em yahoogrupos.com.br> From: sgeral em mst.org.br> Date: Wed, 20 Jun 2007 23:19:43 -0300> Subject: [ 3setor ] etanol e desnacionalização- artigo de altamiro borges> > Rede 3setor - 6 anos - Mais de 10.000 assinantes> http://br.groups.yahoo.com/group/3setor> > O etanol e a invasão estrangeira> > > ALTAMIRO BORGES> > > > A revista empresarial Exame, no seu anuário do agronegócios publicado> neste mês, confirma: o capital estrangeiro está invadindo as terras> brasileiras. O etanol é o motivo desta gula. Apresentado como fonte> alternativa de energia, num mundo em que o combustível fóssil, o> petróleo, dá sinais de fadiga e agrava perigosamente o aquecimento> global, este derivado do álcool é a nova coqueluche das multinacionais> e dos especuladores. Já o Brasil, por suas enormes vantagens> comparativas – abundância e qualidade das terras, preço relativamente> baixo das propriedades, mão-de-obra barata e capacidade tecnológica –> surge como uma "janela de oportunidades", para citar um termo da moda,> para os saqueadores capitalistas.> > > "Num ritmo febril, têm sido anunciadas quase a cada semana novas> parcerias, operações de compra e organização de fundos de investimento> destinados a colocar dinheiro na produção de álcool no país. De acordo> com a consultoria Datagro, os estrangeiros investiram 2,2 bilhões de> dólares no setor desde 2000", festeja a revista. "Da lista das dez> maiores empresas do setor no Brasil, quatro já possuem participação de> capital estrangeiro: Cosan, Bonfim, LDC Bioenergia e Guarani. Uma> quinta companhia, a Santa Elisa, fez recentemente parceria com a> americana Global Foods para constituir a Companhia Nacional de Açúcar> e Álcool, cujo plano é investir R$ 2 bilhões na construção de quatro> usinas em Goiás e Minas Gerais".> > > "Líder do mercado mundial"> > > Ainda segundo a revista empresarial, "é fácil entender o motivo de> tanto interesse de grupos estrangeiros. Maior produtor mundial de> cana-de-açúcar, o Brasil disputa a liderança do mercado de etanol com> os EUA, que faz álcool combustível do milho. A meta dos americanos,> reafirmada pelo presidente George W. Bush durante recente visita ao> Brasil, é reduzir o consumo de combustíveis fósseis em 20% até 2017.> Isso significa que, nos próximos dez anos, somente nos Estados Unidos> a demanda por etanol pode atingir 132 bilhões de litros por ano. É> mais de três vezes a atual produção mundial de etanol".> > > Da produção mundial de 40 bilhões de litros, o Brasil é responsável> por uma fatia de cerca de 16 bilhões, mas tem reais possibilidades de> aumentar a sua participação. O país é de longe o fabricante mais> eficiente, com um custo de produção de US$ 0,22 por litro de etanol,> diante de 0,30 dos EUA e de 0,53 da União Européia. Além disso,> comemora a revista, "tem área suficiente para multiplicar as> plantações e atender o esperado aumento da demanda. Segundo a Datagro,> a quantidade de cana moída no país deverá aumentar de 473 milhões de> toneladas na próxima safra para 700 milhões em 2014. Isso vai exigir> investimentos em 114 novas usinas – hoje o Brasil tem 357 unidades em> operação e outras 43 em construção".> > > A gula dos especuladores> > > Como um típico folheto publicitário, a revista da Editora Abril> enaltece os especuladores que descobriram este filão. "O melhor> exemplo é o megainvestidor húngaro George Soros, dono de uma fortuna> estimada em US$ 8,5 bilhões. Ele se tornou um dos sócios da Adecoagro,> que comprou a Usina Monte Alegre, em Minas Gerais, e está construindo> uma nova usina em Mato Grosso do Sul... Outro investidor que decidiu> apostar no etanol brasileiro é o bilionário indiano Vinod Khosla, um> capitalista de risco que fez fortuna nos EUA com suas tacadas> certeiras [inclusive bancando o Google]... Khosla é sócio da Brazil> Renewable Energy Company (Brenco), empresa lançada em março por Henri> Phillipe Reichstul, ex-presidente da Petrobras". Outro sócio da Brenco> é o australiano James Wolfensohon, ex-presidente do Banco Mundial.> > > Os especuladores, num mundo dominado pela ditadura do capital> financeiro, são os maiores interessados nesta nova fonte de riqueza –> e até se travestem, na maior caradura, de ecologistas. Entre os fundos> de investimentos que já abocanharam terras brasileiras, a Exame cita a> estadunidense Kidd&Company, que detém o controle da usina Coopernavi e> participa da empresa Infinity Bio-Energy em conjunto com a corretora> Merrill Lynch. A Infinity já é dona de quatro usinas no país e, no ano> passado, arrecadou US$ 300 milhões nos mercados financeiros> exclusivamente para investir no setor sucroalcooleiro nacional. "Não> foi difícil convencer os estrangeiros a investir no etanol do Brasil,> pois eles já tinham a percepção das vantagens comparativas do país",> explica Sérgio Thompson Flores, principal executivo da Infinity.> > > Soros, Gates e outros "ecologistas"> > > Já a poderosa Cargill, com faturamento R$ 10,9 bilhões no país e forte> domínio no setor dos transgênicos, adquiriu em junho passado o> controle acionário da Cevasa, no interior paulista. Outro gigante da> área, a Bunge, tentou abocanhar a Usina Vale do Rosário, a terceira> maior produtora de açúcar e álcool do país – mas as negociações> empacaram. Já o grupo Pacific Ethanol, que tem como sócio o bilionário> Bill Gates, dono da Microsoft, contratou a consultoria KPMG para> coordenar sua expansão no Brasil. "Há sete anos, eu tinha um único> cliente em operações de fusões e aquisições interessado no etanol> brasileiro. Hoje, 80% de minha carteira é formada por interessados> nesse setor", revela André Castelo Branco, sócio da KPMG.> > > Mas não são apenas as multinacionais estadunidenses que estão de olho> nas terras brasileiras. Há também fortes corporações européias e> japonesas. Ainda segundo a revista Exame, um "investidor de risco",> nome fantasia dado aos especuladores, é o grupo francês Louis Dreyfus,> que já controla as usinas Luciânia, em Minas Gerais, e Cresciumal e> São Carlos, no interior paulista, e que comprou, em fevereiro último,> quatro usinas do grupo pernambucano Tavares de Melo. Já o grupo> Tereos, também de origem francesa, tem 6,3% de participação na Cosan,> 47,5% da Franco Brasileira de Açúcar e 100% da Açúcar Guarani.> > > "Terras e mão-de-obra baratas"> > > O anuário do agronegócios da revista Exame só corrobora outras> informações que tem pipocado na mídia. A mesma publicação já havia> antecipado em abril passado "a nova onda de investidores estrangeiros> em terras brasileiras". Dava conta que o fazendeiro australiano Robert> Newel tinha investido US$ 4,5 milhões na compra de 11.350 hectares no> município de Rosário, no oeste da Bahia, e que o multibilionário fundo> de pensão da Califórnia (EUA), o Calpers, era dono de 23 mil hectares> de terras nos estados do Paraná e de Santa Catarina. "Além do aceso a> terra e mão-de-obra muito mais baratas, venho do continente mais seco> do mundo e posso dizer que Rosário é um verdadeiro paraíso para a> agricultura", explicou Newel.> > > Segundo o artigo, esta seria a segunda onda de investimentos externos> no campo brasileiro. "No primeiro movimento, ocorrido no início desta> década, alguns fazendeiros, sobretudo norte-americanos, começaram a> investir no país, atraídos pelo baixo custo da mão-de-obra e das> propriedades. Um hectare de terra nos EUA chega a custar mais do que o> triplo... O novo fluxo de capital estrangeiro alimenta-se de fenômenos> mais recentes [como a produção de combustíveis renováveis]. Além das> vantagens naturais como o clima e abundância de água, o Brasil dispõe> hoje da maior área para incrementar a produção no campo. Estima-se que> existam cerca de 90 milhões de hectares ainda inexplorados e prontos> para a atividade agrícola".> > > Propaganda na internet> > > A tendência é que a gula dos investidores estrangeiros aumente muito> mais. A advogada Isabel Franco, do escritório Demarest&Almeida que> presta assessoria aos ricaços, garante: "É dinheiro grosso chegando> por ai". Anderson Galvão, da consultoria Céleres, concorda: "Eles> estão muito interessados e dinheiro é o que não falta". Sua empresa> foi contratada por quatro fundos estrangeiros que já dispõe de cerca> de US$ 400 milhões para a aquisição de fazendas no Brasil. Toda esta> euforia decorre da "exuberância irracional" do sistema capitalista.> Enquanto o planeta padece na miséria, os rentistas já investiram nos> primeiros cinco meses do 2,18 trilhões de dólares (4,25 trilhões de> reais) em fusões e aquisições de empresas no mundo.> > > A produção de etanol no Brasil se torna um negócio altamente lucrativo> para estes capitais especulativos, inclusive para os predatórios> fundos private equity, especializados na compra de propriedades. O> boom é tão violento que já existem sites na internet fazendo> propaganda do agronegócios no país. Elas oferecem pacotes de viagens> para os interessados em visitar fazendas no país. O endereço de um> desses serviços, o da consultoria AgBrazil, contém na primeira página> a mensagem: "Welcome to a world of opportunities" (bem-vindo a um> mundo de oportunidades). Segundo Plilip Warnken, dono da AgBrazil,> sediada em Columbia, no Missouri (EUA), "as oportunidades do> agronegócio brasileiro superam a imaginação".> > > Negócios dos ricos e famosos> > > Reportagem do jornal O Globo, do início de junho, revela que o etanol> "entrou na agenda de negócios dos ricos e famosos". Figurões do> esporte, do mercado financeiro e até ex-membros do governo já entraram> em campo. Entre outros, ela cita dois ex-presidentes do Banco Central> na gestão de FHC, Gustavo Franco e Armínio Fraga, e dois ex-ministros> do governo Lula, Luis Fernando Furlan e Roberto Rodrigues. Logo que> deixou o Ministério da Agricultura, Rodrigues se uniu a Jeb Bush,> irmão do presidente dos EUA, ao presidente do Banco Interamericano de> Desenvolvimento, Alberto Moreno, e ao ex-primeiro-ministro do Japão,> Junichiro Koizumi, para montar uma consultoria com o objetivo de> divulgar o etanol pelo mundo.> > > A reportagem também dá destaque ao ex-presidente da Petrobras, Henri> Phillipe Reichstul, líder de um megafundo de investimentos que teria> US$ 2 bilhões destinados ao etanol. Outra figura de peso é o> todo-poderoso da Ambev, Jorge Paulo Lemann, segundo homem mais rico do> Brasil. Ainda circulam rumores de que Naji Nahas – símbolo da> especulação nacional – estuda projetos nesta área. "Este é o mercado> do futuro", afirma o presidente da Ethanol Trading, Roberto Giannetti> da Fonseca, ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior> (Camex) no governo FHC. O lucro fácil também já atraiu o banqueiro> Daniel Dantas, dono do Opportunity, que comprou recentemente cem mil> hectares da terra no Pará.> > > Explosão do preço do hectare> > > Desde a criminosa onda de privatizações do governo FHC, o país não> assistia um volume tão grande de investimentos estrangeiros diretos.> Somente nos três primeiros meses de 2007, o Banco Central registrou o> ingresso de US$ 6,5 bilhões – aumento de 66% em relação ao mesmo> período do ano passado. O maior responsável por este aumento recorde> foi o etanol. A gula por terras nativas é tanta que já se observa uma> violenta alta dos preços no campo. "Na corrida para não ficar de fora> desse mercado, quem quiser adquirir uma usina brasileira deve ser> dispor a pagar, hoje, mais que o dobro do valor médio registrado em> 2005... Mesmo com a disparada dos valores, não faltam interessados em> abrir o cofre", aconselha a Exame.> > > Reportagem do jornal O Globo do início de junho atesta que "o> crescimento dos projetos envolvendo o plantio de cana-de-açúcar e a> produção do etanol fez explodirem os preços das terras no país". Em> abril passado, o valor do hectare atingiu o seu pico histórico. Na> Zona da Mata de Alagoas, o preço subiu 84%; em Araraquara, interior> paulista, o hectare se valorizou em 70% e a cana já está ocupando o> espaço antes reservado aos grãos e as pastagens. "Há dois anos atrás,> só se falava em soja. Agora, a vedete é o etanol. Esta inflação está> estritamente ligada ao etanol", confirma a engenheira agrônoma> Jacqueline Dettman. A cana já ocupa 3,4 milhões de hectares em São> Paulo, o equivalente a 52% do plantio do produto no país.> > > O real perigo da desnacionalização> > > Na sua obsessão pelo crescimento, o governo Lula parece não medir as> conseqüências da célere invasão estrangeira. Há várias linhas de> crédito, inclusive do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e> Social (BNDES), para bancar as poderosas multinacionais e os barões do> agronegócios nativos. Segundo o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS),> presidente da Subcomissão de Política Agrícola da Câmara, há estudos> para repassar verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), criado> para subsidiar o seguro-desemprego e outros programas sociais, para> refinanciar as dividas dos produtores rurais – calculada em R$ 4> bilhões. O objetivo seria exatamente o de alavancar a construção de> usinas e a produção do etanol.> > > Há um certo consenso de que a produção de biocombustíveis é uma> necessidade imperiosa na atualidade. Diante dos sinais de fadiga do> petróleo e dos efeitos destrutivos deste combustível fóssil, até as> entidades ambientalistas menos ortodoxas concordam que é urgente> investir em fontes alternativas de energia. Por outro lado, o Brasil,> por suas inúmeras vantagens comparativas, surge com todas as condições> de explorar de maneira sustentável esta nova matriz energética. Mas as> possibilidades do etanol não devem embriagar os setores mais críticos> da sociedade. Há muitos riscos neste campo. A atual febre do etanol> indica que ou Brasil adota mecanismos para proteger a sua economia ou> o processo de desnacionalização, concentração de terras e precarização> do trabalho será inevitável!> > > > Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB,> editor da revista Debate Sindical e autor do livro "Venezuela:> originalidade e ousadia" (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição)> > > - Rede 3setor ( Rede de Informação e Discussão do Terceiro Setor ) -> > Informações e inscrições no site http://br.groups.yahoo.com/group/3setor > > A inscrição também pode ser feita enviando um e-mail em branco para: > 3setor-subscribe em yahoogrupos.com.br> > Para enviar mensagem para a Rede utilize:> 3setor em yahoogrupos.com.br> > Cancelar inscrição, envie mensagem para:> 3setor-unsubscribe em yahoogrupos.com.br> > OBS: Se você tiver mais de um e-mail, ao enviar, utilize como emissor, o e-mail com o qual está inscrito na Rede. 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