[oleo-l] biodiesel X energia

Instituto Serrano Neves serrano em serrano.neves.nom.br
Sexta Junho 22 13:30:19 BRT 2007


Formação do COMITÊ DA BACIA DO ALTO TOCANTINS
http://www.serrano.neves.nom.br/conBSB/conBSB.htm

Prezado José Antônio,

acho que ficamos só nós dois, cada um numa ponta da corda (rss), ambos sofrendo os "esbarros" da cultura arraigada.

Os modelos não formais de que falo, na verdade, não são úteis para o biodiesel, ou ainda não são, antes, o biodiesel é que, do ponto de vista da função social da propriedade, é que poderia ser útil para tais modelos.

O resto debandou e eu tenho que enfrentar a instalação de uma usina de álcool na minha região: os cortadores querem trabalhar com cana queimada que rende mais para eles, o usineiro "aceita", mas nós não aceitamos porque já temos problemas de saúde bastantes, derivados de queimadas.

Os empresários dizem que não há desenvolvimento sem consumo de recursos e nós achamos que a vida humana não é material de consumo.

Será um bom combate. Darei noticias se a lista ainda existir.


Saudações sócio-ambientais
Serrano Neves
serrano em serrano.neves.nom.br

Amigo do Lago da Serra da Mesa 
http://www.serrano.neves.nom.br



------------- Segue mensagem original! -------------

De: José Antonio Dermengi Rios <rios em fea.unicamp.br>
Data: Thu, 21 Jun 2007 14:48:02 -0300 (BRT)
Para: oleo-l em rumba.ufla.br
Assunto: Re: [oleo-l] biodiesel X energia


Prezado colega Serrano Neves
Saudações sócio-ambientais
Prezados Colegas,
Sem repostas às questões que coloquei abaixo e à outras, corremos o
risco de conversarmos sobre utopias ou pregarmos no deserto.
Por exemplo, quais os modelos não formais de negócios que funcionam
bem e são representativos em economias locais, quais seus
resultados, seus indicadores de desempenho que vc poderia
compartilhar conosco e que seriam úteis para o biodiesel?
Concordamos e, lamento nisso, que mendigar insumos junto ao governo
como a alternativa mais fácil, ao invés de encarem a produção como
um negócio é talvez o maior indicador que nós consumidores e
sócio-ambientalistas não podemos depender destes produtores, pois
corremos o risco de inviabilizar nossas atividades antrópicas, não
é?
Vou dar um exemplo: um dono de banco, de família tradicional
nordestina, me chamou para dar consultoria no polígono das seca, mas
me advertiu que o maior obstáculo era que nem com água o habitante
desta região planta fora do inverno!!!! Agradeci e fugi pois não sei
se há como mudar tal cultura centenar arraigada em quem tem menos de
6 anos de escolaridade e nem em quem tem mais.
Quanto aso demais parágrafos concordo com vc e espero que tenhamos
contribuições demais participantes na resolução dos problemas
propostos para não ficarmos com um mico bom só pra MKT
-- 
Abraços e sucessos!
Prof. Dr. José Antonio Dermengi Rios
cel.: +55-19-9112.8002


On Mon, June 18, 2007 08:09, =?ISO-8859-1?Q?Instituto Serrano
Neves?= wrote:
: Formação do COMITÊ DA BACIA DO ALTO TOCANTINS
: http://www.serrano.neves.nom.br/conBSB/conBSB.htm
:
: Não respondi aos questionamentos da mensagem anterior:
:
: 1. Existe alguma cooperativa no agronegócio óleo ou ela é
completamente dominada por transnacionais como Cargill?
: 2. Existe algum micro ou pelo menos médio produtor de álcool ou
são todos conglomerados e trasnacionais?
: 3. Existem casos comprovados no Brasil de agricultores familiares
de subsistência que se cooperaram e hj são concorrentes no mercado?
:
: A resposta para todas é NÃO CONHEÇO.
:
: Mas isto não me desanima, vez que existem modelos não formais de
negócios que funcionam bem e são representativos em economias
locais.
:
: Mantenho contato constante com pequenos agricultores, por exemplo,
e os vejo mendigar insumos junto ao governo como a alternativa mais
fácil, ao invés de encarem a produção como um negócio. Junto a
estes, aqui no entorno, já tentei emancipá-los e esbarrei numa
espécie na cultura do assistencialismo.
:
: É possível que essa cultura tenha se formado ao longo de 500 anos,
vez que o desbravar e ocupar territórios sempre dependeu mais do
provimento governamental do que da livre iniciativa.
:
: A cidade em que resido (Uruaçu-GO) possui quase todos os elementos
necessários para sua autonomia de provisões e serviços, e esses
elementos já fizeram parte de uma economia local que foi desmontada
pelos atrativos facilitários governamentais que montam estruturas de
arrecadação de impostos.
:
: É mais fácil (e eleitoralmente mais conveniente) subsidiar o
biodiesel para os pequenos produtores, se for necessário para
mantê-los "vivos", do que fomentar a emancipação em relação ao
combustível.
:
: Temos na Constituição um modelo de sociedade que não conflita com
os modelos de negócio, antes, os faz aliados, mas a sua
implementação implicaria em mudar o modelo, de dominação política
para participação política, e isto não interessa para o andar de
cima.
:
: Imagino que o propósito desta lista possa ser a "briga de cachorro
grande" como dizemos por aqui ao nos referirmos às coisas que estão
acima da desejável participação do povo, mas há uma coisa
interessante que não posso deixar passar: é que em listas do povo o
povo está encantado com o biodiesel, de uma forma tão enganada que
nem aceitam que o balanço de carbono tem saldo zero ou próximo
disto, embalado que está pela onda do "neutralizar carbono".
:
: E desta forma prosseguiremos com o manda quem pode e obedece quem
tem juízo enquanto o de cima sobe e o debaixo desce.
:
: A pesquisa e a tecnologia precisam avançar para que o refinamento
de energia produza menos energia degradada ou energia ciclável em
outros processos, mas esses avanços precisam contemplar a
acessibilidade, sob pena de estarmos construindo uma sociedade
simplesmente bipartida: assistentes e assistidos.
:
: ,,, e la nave va !
:
: Saudações sócio-ambientais
: Serrano Neves
: serrano em serrano.neves.nom.br
:
: Amigo do Lago da Serra da Mesa
: http://www.serrano.neves.nom.br
:
:
:
: ------------- Segue mensagem original! -------------
:
: De: José Antonio Dermengi Rios <rios em fea.unicamp.br>
: Data: Sun, 17 Jun 2007 11:17:55 -0300 (BRT)
: Para: oleo-l em rumba.ufla.br
: Assunto: Re: [oleo-l] biodiesel X energia
:
:
: Prezado colega Serrano Neves
: Saudações sócio-ambientais
: Prezados Colegas,
:
: Seria verdade o que está publicado na ultima Revista Pesquisa Fapesp
: impressa e em:
: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3269&bd=1&pg=2&lg=
:
: O Brasil também desenvolve pesquisa sobre o biodiesel desde 1975.
: Atualmente estão em funcionamento 23 usinas de processamento do
: biocombustível com capacidade de produção de 964 milhões de litros,
: destinados à mistura de 2% em todo o óleo diesel no país, que será
: obrigatória a partir de 2008.
:
: Mas ainda há um longo caminho a percorrer no desenvolvimento dessa
: tecnologia, já que quase todo o biodiesel produzido no Brasil é
: feito a partir do metanol, que não é considerado propriamente
: renovável (ver Pesquisa FAPESP nº 134).
:
: “Temos que fazer a transição para o biocombustível. Essa é uma
: tecnologia que não dominamos totalmente”, sublinha Silva Dias. Com
: uma produtividade entre 1,5 mil e 3 mil litros por hectare, o
: biodiesel é muito menos eficiente que o etanol – entre 6 mil e 8 mil
: por hectare – e inferior ao de países como a Indonésia, que produz o
: combustível a partir do dendê, obtendo resultados surpreendentes: 5
: mil litros por hectare.
:
: É preciso dar um “salto na pesquisa e na tecnologia”, ele recomenda,
: e testar, entre outras investigações, o desempenho de palmáceas em
: grandes áreas, analisando sua real contribuição para a redução de
: gases de efeito estufa.
:
: --
: Abraços e sucessos!
: Prof. Dr. José Antonio Dermengi Rios
: cel.: +55-19-9112.8002
:
:
: On Sun, June 17, 2007 08:22, =?ISO-8859-1?Q?Instituto Serrano
: Neves?= wrote:
: : Formação do COMITÊ DA BACIA DO ALTO TOCANTINS
: : http://www.serrano.neves.nom.br/conBSB/conBSB.htm
: :
: : Prezado José Antonio,
: :
: : obrigado pela extensa resposta e comentários.
: :
: : Sou frequentador anual do Curso de Extensão em Emegia ministrado
: pelo seu colega Henrique Ortega ai da Engenharia Ecológica, desde
: 2004.
: :
: : Oriundo da área técnica derivei para a área jurídica na qual
: milito atualmente (Procurador de Justiça Criminal), e meu discurso
: tem muito de direitos e cidadania, ou mais disso do que de ciência.
: :
: : Como autodidata tento fazer construções - tenho alguns trabalhos
: publicados no site - que conectem a ciência à realidade do interior
: desse Brasil (moro numa cidade de 33 mil habitantes na qual 47% dos
: domicílios detém 13% da renda). A cidade faz parte de uma região
: "rica" (agropecuária e mineração) e não difere da maioria.
: :
: : O poder "militar" continuará decidindo o destino do mundo e isto
: precisa ser mudado. Coisa para algumas centenas de anos se não
: ocorrer uma espécie de conversão, dai minha insistência em procurar
: soluções que aliviem a carga sobre o "andar de baixo".
: :
: : A "energia negra" pode ser o falado "amor universal", e no plano
: da humanidade acredito na "compaixão" como a energia que,
: reconhecida no sistema, produza resultados cientificamente
: humanizados.
: :
: : Estou estudando a teoria dos sistemas socias do Niklas Luhmann e
: tentando montar os diagramas para encontrar caminho para as energias
: informação e compaixão.
: :
: : Anexo
: :
: : Saudações sócio-ambientais
: : Serrano Neves
: : serrano em serrano.neves.nom.br
: :
: : Amigo do Lago da Serra da Mesa
: : http://www.serrano.neves.nom.br
: :
: :
: :
: : ------------- Segue mensagem original! -------------
: :
: : De: José Antonio Dermengi Rios <rios em fea.unicamp.br>
: : Data: Sat, 16 Jun 2007 09:27:46 -0300 (BRT)
: : Para: oleo-l em rumba.ufla.br
: : Assunto: Re: [oleo-l] biodiesel X energia
: :
: :
: : Prezado Colega Serrano Neves
: : Saudações sócio-ambientais,
: : Prezados demais colegas,
: :
: : Os biocombustíveis deverão ser sempre importantes, mas na forma
: : atual  representam apenas mais um item na economia do Carbono até a
: : chegada da economia do Hidrogênio.
: : Atualmente consistem numa troca de 6 por meia dúzia, fóssil por
: : agrícola, sem necessidade de investimentos nas novas tecnologias do
: : H2, uma manutenção dos padrões atuais da indústria de automóveis
com
: : seus motores a combustão interna. Mais detalhes no estudo do MIT
: : publicado como livro em: A Máquina que mudou o mundo.
: : Para o Brasil resta ter de definir quais, quanto e onde investir
: : recursos neste novíssimo e inédito agronegócio.
: : Um dos resultados será degradar o meio ambiente, inclusive
: : antrópico, pra ficar com as migalhas de um produto primário de
pouco
: : valor agregado.
: : Finalmente, o modelo de negócio do biodiesel depende da resposta à
: : questões como:
: : 1. Existe alguma cooperativa no agronegócio óleo ou ela é
: : completamente dominada por transnacionais como Cargill?
: : 2. Existe algum micro ou pelo menos médio produtor de álcool ou são
: : todos conglomerados e trasnacionais?
: : 3. Existem casos comprovados no Brasil de agricultores
familiares de
: : subsistência que se cooperaram e hj são concorrentes no mercado?
: :
: : Abraços e sucessos!
: : Prof. Dr. José Antonio Dermengi Rios
: : cel.: +55-19-9112.8002
: :
: :
: : Comentário aos e mails do Dr Serrano
: : 1. Não há evidências de que 2% venha a ser um padrão de crescimento
: : no uso do biodiesel, nem se 2% é bom ou ruim, imaginário ou
: : fictício.
: : 2. Não há nenhuma evidência de que, quem decide sobre os futuros do
: : planeta, considere a análise da questão do uso de combustíveis (e
: : outras energias)em função da carga que a humanidade exerce sobre o
: : planeta.
: : 3. Embora o consumo de recursos não renováveis tem um fim e o
: : consumo de recursos renováveis tem ciclos de renovação que desafia
: : os tempos humanos, não é este o caso da maioria dos recursos
: : renováveis de pedra a ouro, passando pelo petróleo, mas sobre o
qual
: : existe uma série de hipóteses como a Hubert. Não esqueça do alerta
: : de Lord Keynes: no futuro todos estaremos mortos por isso pensemos
: : no agora e no curto prazo de nossas vidas.
: : Para minha surpresa li matéria nesta sexta no Valor Econômico dando
: : conta de que há mais de um século de petróleo viável dentro da
: : economia atual nas reservas de xisto dos EUA bem como no Brasil que
: : tem uma das maiores reservas de xisto do mundo, tudo isso a um
custo
: : ambiental enorme, mas veja item 1 acima.
: : 4. Concordo com V. Sa. de que a maior verdade em questão é que a
: : mudança do combustível fóssil para o renovável pouco resultado
: : produzirá - ainda que realizada na totalidade - se não forem
mudados
: : os padrões de consumo, mas isto não significa parar de consumir,
mas
: : produzir menos energia degradada.
: : Para se ter uma idéia:
: : - o lixo urbano produzido pelos seres humanos varia de 0,7 até 1,5
: : kg, dependendo do padrão de consumo.
: : - apenas <1% do total é água doce disponível, embora precisemos de
: : 2.000 metros cúbicos por pessoa/ano.
: : - 26 países, abrigando 250 milhões de pessoas, já foram
oficialmente
: : declarados pela ONU como áreas de escassez crônica de água.
: : 5. Gostaria de receber uma cópia do "Consenso da América Latina"
: : apresentado na IV Bienal Internacional de Estudos Avançados sobre
: : Energia, que aconteceu na FEA-UNICAMP em 2004, sobre o qual
: : deconhecia a importância mesmo sendo professor da FEA.
: :
: :
: : _______________________________________________
: : oleo-l mailing list
: : oleo-l em rumba.ufla.br
: : http://rumba.ufla.br/mailman/listinfo/oleo-l
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