[oleo-l] Repassando "Esse Tal de biodiesel..."

Jorge Gerônimo Hipólito hipolitojgh em yahoo.com.br
Quinta Junho 14 11:51:10 BRT 2007


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Esse tal de biodiesel..., por Ana Echevenguá
14/6/2007 
 
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[EcoDebate] Recentemente, a Petrobras apresentou o resultado de mais uma de suas pesquisas: 93% dos brasileiros já ouviram falar de biodiesel. Boa nova!

Mas será que esses brasileiros - ouvidos na pesquisa - sabem realmente o que é esse tal de biodiesel?

Quequé isso?

Para ajudar no esclarecimento, conversei com o engenheiro mecânico Thomas Fendel - expert no assunto. Ele me explicou que, o que é vendido como biodiesel brasileiro, é uma mistura de muito diesel fóssil (derivado do petróleo), com um pouquinho do produto final oriundo de uma  "sopa" de óleo vegetal (ou outra gordura natural), mais etanol (ou metanol) e soda cáustica (ou outra base ou ácido). O preparo desta "sopa" passa por um oneroso processo da transesterificação que envolve  aquecimento, retirada da glicerina e adição de aditivos para estabilização da mistura "química".

Hoje, as regras brasileiras - muitas elaboradas pela ANP - Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - determinam que o resultado desta "sopa" seja misturado ao diesel fóssil na proporção de - apenas - 2% (percentual que se tornará obrigatório a partir de 2008). Ora, isso significa que o uso desse novo bio-fóssil-combustível, que possui 98% de componente fóssil, continuará emitindo componentes nocivos ao meio ambiente, quase que na mesma proporção do óleo diesel. Ora, isso significa que a queima desse novo bio-fóssil-combustível, que possui 98% de componente fóssil, continuará emitindo componentes nocivos ao meio ambiente, quase que na mesma proporção do óleo diesel.

Alguns fabricantes de máquinas já aceitam o índice de 5%, como é o caso da Massey Ferguson, cuja frota está apta ao uso de B5 (5% de biodiesel + 95% de diesel fóssil).

Não lhes parece, caros leitores, que isso pouco ajuda no combate ao aquecimento global e na defesa do meio ambiente??? 

Para Fendel, o 'biobobo' (quem o conhece sabe que é assim que ele denomina esse produto) é uma falácia; ele insiste em afirmar que todo esse processo poderia ser evitado, gerando mais lucro para o produtor do óleo vegetal: qualquer motor Diesel aceita "trabalhar" diretamente com óleo diesel + 20% de óleo vegetal qualificado, sem necessidade de adaptações mecânicas ao motor. 

O pai do Pro-álcool, Bautista Vidal, também defende a utilização direta de óleo vegetal em motores, em detrimento do biodiesel, porque já existe tecnologia para tanto. E entende que o Programa Nacional de Biodiesel apresenta graves erros: "Temos que usar o óleo. Por que produzir o biodiesel, se isso encarece o processo e o óleo é melhor?"

Mercado do biodiesel

O mercado deste novo produto - taxado enganosamente como milagroso - expandiu, no Brasil, a partir de maio de 2006. A Petrobras já conta com 10 produtores de biodiesel, e o número deve crescer para 23 até o final de 2007.

Nem todo biocombustível é biodiesel

Gente, biodiesel é apenas uma espécie de biocombustível. E a mídia gera confusão ao tratar do tema: repassa-nos a idéia de que o biodiesel é o mesmo óleo vegetal extraído das oleoginosas.  E não é, como nos explicou o grande Fendel.

Mas o incentivo do uso de biocombustíveis que colaborem para o esfriamento do planeta é altamente salutar para o meio ambiente, para o mercado dos agronegócios e para o bolso do agricultor.

Claro que a falta de produção de oleoginosas leva à falta de matéria-prima. Por isso, é preciso que suas vantagens sejam divulgadas:

- o biocombustível é produzido a partir de matéria-prima vegetal renovável - soja, pinhão manso, macaúba, babaçu, dendê, girassol, mamona e outros - ao contrário dos combustíveis fósseis;

 - sua produção provoca o "esfriamento global";

- a utilização do biocombustível na própria frota dos veículos dos produtores representa economia direta ao seu bolso: sem gastos com a compra do óleo usado nas suas máquinas haverá, em decorrência, redução dos custos de produção.

Mas temos poucos exemplos destas iniciativas. Na verdade, os estudos sobre a produção do biocombustível ainda não saíram completamente do papel. E a estrutura necessária para a produção do produto final exige investimentos e conhecimento técnico.

As regras do jogo no Brasil

Não obstante, os produtores que misturam o óleo vegetal ao diesel ou que usam somente o óleo vegetal, são tratados como bandidos pelo fato de estarem exercendo o direito de produzir o seu próprio combustível. São assustados com os supostos perigos de dano ao motor dos tratores e das colheitadeiras, e da alteração negativa de rendimento deste maquinário.

As grandes companhias de distribuição - manipuladas pelas transnacionais do petróleo - estão preocupadas com o mercado clandestino do biocombustível óleo vegetal que está alimentando motores de caminhões e de máquinas agrícolas, principalmente na região Centro-Oeste do País. E já acionaram a ANP que, por sua vez, está fiscalizando esse "uso clandestino" e punindo os "fora- da-lei".

Por que isso ocorre? Por dinheiro e nada mais. As grandes distribuidoras estão perdendo volume de mercado; estão deixando de vender o 'bobodiesel' para o agricultor que descobriu que pode usar no motor do seu trator ou caminhão o óleo vegetal que produz.

Para o professor Adriano Benayon, doutor em Economia e autor do livro "Globalização versus Desenvolvimento", as pequenas usinas de biocombustíveis terão dificuldades para prosperar no Brasil enquanto aqui vigorar uma regulamentação imposta pelo Banco Mundial que exige especificações técnicas que só as grandes usinas podem atender. Tal medida, que fere os interesses sociais e econômicos do Brasil, foi implantada após o início do Programa do Álcool.

Conclusão:

Diante de tanta novidade e de tantas informações desencontradas, precisamos conhecer melhor o assunto 'biocombustível', questionar, buscar dados científicos seguros... olhos e ouvidos abertos! Não podemos aceitar pacotes de informações manipuladas pelo interesse econômico petrolífero.

Embora veículos movidos a biocombustível pareçam novidade na tecnologia automobilística, sua proposta é antiga. Em 1897, Rudolf Diesel utilizou óleo de amendoim em seu motor 'diesel'. Henry Ford acreditava no etanol como o combustível do futuro. Seu Ford T de 1908 - modelo que imortalizou o uso do automóvel -  funcionava tanto com o biocombustível etanol como com gasolina.

Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do programa televisivo Eco&Ação, email: ana em ecoeacao.com.br

in www.EcoDebate.com.br - 14/06/2007

Nota do EcoDebate

Ana Echevenguá é colaboradora e articulista do EcoDebate. O Eco&Ação - Ecologia e Responsabilidade
 [ http://www.ecoeacao.com.br/ ] e o EcoDebate são parceiros estratégicos, somando esforços na socialização da informação sócio-ambiental, compartilhando conteúdos e divulgando informações de suma importância para a defesa e preservação do meio ambiente.

 
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