[oleo-l] O programa brasileiro de biocombustíveis é bom ou ruim para o meio ambiente?

André Costa Lobato andrecostalobato em gmail.com
Sexta Junho 8 19:10:39 BRT 2007


Escrevi esse texto para o processo seletivo da Coppe/ufr em MBE de Meio
ambiente. O que acham do tem


A principal meta do governo norte-americano de acrescentar 10% de etanol aos
seus combustíveis é, sem dúvida, positiva para o meio ambiente porque a
cana-de-açúcar absorve quase a totalidade do gás carbônico emitido pela
queima do etanol e todo o esforço de substituição do paradigma do petróleo é
proveitoso. Há décadas que a insustentabilidade geopolítica e ambiental dos
combustíveis fósseis é evidente, entretanto, tal modelo energético sempre se
mostrou proveitoso economicamente porque foi a partir dele que a base
industrial planetária se consolidou, ainda na primeira Revolução Industrial.


         Assim como os problemas ambientais crescem –como previsão ou como
fato consumado – também se desenvolve uma ciência crítica e bem estruturada
em defesa não só da biosfera, mas de sua plena integração com a civilização
produtivista. Tais cientistas, que apontaram com antecedência de no mínimo
três décadas os problemas que vivemos agora, indicam que o modelo de
bio-combustíveis não é a única solução para o *desenvolvimento
sustentável*– e está justamente nessa expressão a definição de "bom"
ou "ruim" para o
meio ambiente.

          A visão pode ser entendida lendo-se o relatório "Energia Positiva
para o Brasil", da organização não-governamental Greenpeace. Embora
reconheça a contribuição do bio-diesel para evitar o déficit de energia
previsto até 2010, o relatório da ONG indica variedade das matérias-primas
geradoras de combustíveis. Tanto as oleaginosas, como girassol, quanto
também as energias eólica e solar – de grande produtividade no Brasil – são
indicadas para que o país passe a crescer com "energia positiva".

         Assim como a biosfera possui diferentes mecanismos bioquímicos para
a geração de sua energia, embora a quase totalidade dos ecossistemas dependa
da luz solar, também um prognóstico de "energia limpa" deve contar com
variadas fontes energéticas. A descentralização das redes fornecedoras de
energia é então um passo fundamental.

         Por isso, o modelo de bio-combustíveis só pode ser entendido como
"bom" para o meio ambiente se estiver condicionado a essa lógica
diversificada, mantendo os objetivos de não-concentração de renda e
detalhamento dos impactos ambientais.
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